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A SUSTENTABILIDADE NO MANEJO FLORESTAL

O "Manejo Florestal” consiste na gestão de florestas com bases científicas para atingir determinados objetivos, que podem ser de conservação, proteção, produção, educação ou recreação (FLORIANO, 2018).


Como descrito acima, o Manejo Florestal consiste em um conjunto de técnicas elaboradas para otimizar o aproveitamento dos recursos naturais de uma área, de forma que haja a produção contínua de bens e serviços tendo como principal enfoque a sua conservação e sustentabilidade. É importante ressaltar, que o manejo só é realizado após o planejamento detalhado de suas atividades, assim como ter um projeto escrito registrando tudo, tanto estudos sobre a área como os tipos de vegetação que a abrangem, tipos de solo, recursos hídricos, flora e fauna presentes, quanto avaliação dos impactos socioambientais causados pela exploração.

A sustentabilidade do manejo florestal vem da maneira como ele é projetado para reduzir os impactos da extração dos recursos e de que modo vai contribuir para maximizar a economia da região em que será implantado, minimizando alterações e interferências locais que antes eram ignoradas pela exploração predatória. Além de zelar pelo cumprimento de uma série de requisitos essenciais para a manutenção da biodiversidade, das funções ecológicas e sociais à níveis local e global.


O Manejo Florestal é confiável?

As áreas de manejo geralmente se localizam dentro de Unidades de Conservação (UCs) que se dividem em dois grandes grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável, no nosso caso, a segunda é objeto principal de estudo e trabalho, pois nessas unidades o governo (federal, estadual e municipal) pode conceder a empresas e comunidades o direito de manejar florestas públicas de forma sustentável para extrair madeira, produtos não madeireiros e oferecer serviços de turismo, tudo isso regulamentado pela Lei nº 11.284/2006. Porém, para que uma Floresta Nacional (Flona) seja submetida à concessão florestal é necessário que, anteriormente, o Plano de Manejo desta UC tenha sido aprovado pelo Instituto Nacional de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por sua elaboração.

O Plano de Manejo de uma Unidade de Conservação (PMUC) é um documento elaborado a partir de diversos estudos, incluindo diagnósticos do meio físico, biológico e social. Ele estabelece as normas, restrições para o uso, ações a serem desenvolvidas e o zoneamento da UC, que é a organização espacial em zonas sob diferentes graus de proteção e regras de uso.

No entanto também existem concessões florestais de florestas públicas que não estão dentro de unidades de conservação, e que ainda assim necessitam de um edital de licitação e a empresa, comunidade ou cooperativa que ganhar precisa cumprir todos os trâmites de regularização e autorização para realizar o manejo.


Critérios de Manejo Florestal Sustentável

Sabemos que surgem vários questionamentos sobre o quão efetivo é um plano de manejo, ou o quão sustentável são suas atividades, e por conta do contexto climático atual, a palavra "sustentabilidade" abraçou um significado muito voltado para o meio ambiente sendo que vai muito além necessitando também de um olhar atencioso atrelado à realidade social e econômica de uma região. Tanto é que o próprio FSC tem 10 princípios essenciais para que o manejo florestal seja considerado ambientalmente adequado, socialmente benéfico e economicamente viável:

  1. Cumprimento das Leis;

  2. Direitos dos Trabalhadores e Condições de Trabalho;

  3. Direitos dos Povos Indígenas;

  4. Relações com a Comunidade;

  5. Benefícios da Floresta;

  6. Valores e Impactos Ambientais;

  7. Planejamento do Manejo;

  8. Monitoramento e Avaliação;

  9. Altos Valores de Conservação;

  10. Implementação das Atividades de Manejo.

Manejo Florestal Sustentável x Agronegócio

Durante anos manteve-se o pensamento equivocado de que que a extração de madeira na Amazônia era a atividade que mais contribuía para a supressão florestal clandestina na região. Atualmente, se observa claramente que o fomento e a implantação dos projetos agropecuários foram os principais responsáveis pela conversão de grandes áreas de floresta em áreas de uso alternativo do solo, causando grande modificação da paisagem natural das florestas em pastos e campos agrícolas, grande parte destes hoje destinados ao agronegócio (PEREIRA, 2019).

Quando pensamos em Amazônia a primeira coisa que pode vir à mente é imensidão, grandiosidade territorial, cultural e em biodiversidade, e é com isso que o manejo florestal sustentável se preocupa. Exemplificando, quando comparamos o uso da terra para os diferentes fins: agronegócio e manejo florestal, qual desses gera mais investimento em infraestrutura, serviço para as comunidades locais e geração de empregos locais pela concessão (econômico-social); redução de danos à floresta e redução da perda da biodiversidade (ambiental)?

É uma comparação importante de se fazer, pois o mais crucial, considerando todos os princípios e critérios do conceito de sustentabilidade, é manter a floresta em pé com capacidade de regeneração e aumentar o potencial socioeconômico da região atentando para os povos que ali habitam e arredores afetados.

O manejo georreferencia, identifica, analisa e escolhe as árvores a serem abatidas de acordo com o impacto que a remoção daquele indivíduo vai repercutir não apenas no seu raio de influência, mas em toda a ecologia do ecossistema, então após esse estudo são tomadas as decisões para o corte seletivo daquelas que causarão menos impacto com a sua retirada, mantendo o restante da vegetação ao seu redor. Enquanto o agronegócio trás a remoção total e/ou parcial cobertura vegetal do solo (dependendo da localidade e do bioma da localização) para instalação do empreendimento.

DESMATAMENTO X MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL (corte seletivo).


Ressalta-se também que os estudos do manejo levantam a quantidade de indivíduos potenciais para a substituição da árvore removida, recomposição do dossel (cobertura formada pela junção das copas das árvores mais altas) e manutenção do sub-bosque (vegetação abaixo do dossel), uma vez que ao ser suprimida, a árvore abre espaço para entrada de luz solar direta onde antes era sombra, a partir daí as plantas menores que competiam pelas frestas de luz conseguem ter maior atividade celular obtendo energia para se desenvolver e crescer sem a necessidade de disputar entre si, renovando a vegetação e mantendo a biodiversidade, além de conservar a variabilidade genética.

Foto: G1.


Qual o papel de atuação da ArboREAL nesse contexto?

Nosso principal cuidado com fornecedores hoje em dia não é apenas obter matéria-prima certificada e legalizada, mas escolher aqueles que se preocupam com a sustentabilidade do seu manejo, temos todo o capricho de conhecer os locais de instalação dos projetos, visitar as áreas de extração e comunidades locais para estar por dentro do impacto que estamos causando ao estabelecermos nossas parcerias.

Queremos participar de iniciativas que gerem mais empregos, desenvolvam cidades e comunidades, que tragam melhores políticas públicas e que respeitem nossos recursos naturais ao ponto de reconhecer e promover o manejo florestal sustentável como prática poderosa e efetiva.


Fontes utilizadas:

PEREIRA, Luciana Di Paula; VASCONCELLOS SOBRINHO, Mario; FLORES, Maria do Socorro Almeida. A POLÍTICA DE CONCESSÃO EM FLORESTAS PÚBLICAS NO ESTADO DO PARÁ: O CASO DA UNIDADE DE MANEJO FLORESTAL (UMF) III DA GLEBA ESTADUAL MAMURU ARAPIUNS. Revista Agroecossistemas, [S.l.], v. 11, n. 1, p. 43-74, dez. 2019. ISSN 2318-0188

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